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The White Queen
*AZIA*
Eno, por favor! Lula deve ter visto muito Chapolim durante a vida, só isso explica. Sabe aqueles ditos populares embaralhados que o personagem adorava dizer? “Pau que nasce torto que te direi quem és”, lembra?
Vai daí que Lula soltou uma nova pérola (típico dele, né? Aposto que ele acredita que as ostras têm uma bolsa de tinta para soltar na hora de escapulir de algum predador...):
“Vou provar que posso consertar esse abacaxi e fazer dele algo bem digerido”
Se consertar um abacaxi se parece com descascar um fusca, muito pior é fazer disso algo bem “digerido”. Eu não consigo engolir essa.
Definitivamente, esse governo é absolutamente indigesto...
*O JUSTO E A SAIA JUSTA*
Vai mês, vem mês, fulaninho permanece na mira da rua. Não rende, não trabalha, só atrapalha. A mão vai coçando pra dar logo um abraço e as contas pro rapaz. Não me entendam mal, nunca gostei de despedir ninguém! Mas a criança pede, sempre aprontando das suas. Veio a chance, e que chance maravilhosa. Veio também um dos sócios, pedido na boca e proposta nas mãos...
Acontece que fulaninho é neto do sócio. Fulaninho almoça todo domingo na casa do Vovô. Fulaninho é a luz que guia a vida da Vovó. Sim, fulaninho tem aquilo roxo, porque um defensor desses não aparece todos os dias, muito menos para todo mundo.
Negócio é o seguinte, não despede o fulaninho e tá aqui um belo aumento no teu salário. Quem sabe até cargo novo! De qualquer maneira, um aumento de fazer babar. Topas ou não?
Acontece que, dessa vez, fulaninho pisou feio, feião na bola. Todo mundo viu e você é a gerente. Vai fazer o quê? Topar o salário e perder o respeito? Ou mandar fulaninho pras picas e esperar a fúria divina?
Pode ir respondendo logo, que o sócio continua na sua frente, esperando resposta.
Eu, algum dia, vou me lembrar da história do peixe: ele morre pela BOCA. Algum dia, eu tenho certeza, minha sorte acaba e o anzol quebra meus saltos.
Falei que ali não dava. Que fulaninho não estava se adaptando ao setor e isso prejudicava ele e os demais. Que chances, eu tinha dado aos montes. Fui até legal, não mencionei as cantadas baratas que ele costumava dar...
Mas o poder divino de um sócio quase não tem limites. E mandar ele pra outro setor, topa?
Ué, mas quem vai querer?
Nem dois minutos de telefone, o sócio apontava dois setores disponíveis (pessoalmente, não quero nem imaginar que valores e cargos os gerentes destes setores estavam para alcançar com essa postura tão “amigável”).
E agora? Você mantém o respeito, ganha a grana e ainda fica com um sócio feliz ! Vai topar ou não?
Quem sabe a história do peixe não aprendo agora? Digo pro sócio que, se mesmo sabendo das dificuldades de fulaninho o gerente de lá topar, tudo bem. Mas mentir não posso, não vai rolar. E explico o porquê, frisando que o objetivo não é prejudicar ninguém, mas beneficiar a empresa que ele, sócio, ajudou a construir. Posso ver o aumento e o cargo novo sumindo dos olhos dele. Aproveito e dou o nó na minha cordinha, dizendo que não seria necessário mesmo nem um aumento ou cargo novo por fazer algo assim. Eu só estaria cumprindo o meu dever de gerente, que é o de otimizar o trabalho da minha equipe. No caso, retirando fulaninho da equação.
O estômago dói absurdamente, as mãos suando pra dedéu. O que começou como o glorioso dia de despedir um babaca foi transformando-se no terrível dia em que euzinha iria conhecer o sabor da rua...
Fulaninho está agora trabalhando no outro setor. O gerente de lá está de malas prontas para um cargo mais elevado no Rio, muda em janeiro.
Um misterioso aumento foi notado em meu salário. Pela rara franqueza, me garantiu o sócio. E, com um piscar de olho, ainda concluiu: não neste caso em particular, mas é sempre bom saber que minha empresa está aos cuidados de gerentes com um caráter e uma postura tão exemplares.
Tá, sei que foi por isso, claro que foi.
Peso na consciência? Olha, no momento estou em dúvida sobre qual vai ser o meu próximo modelo de carro, honestamente...
*UNIDOS PERDEREMOS*
Você não acha interessante que Bush e Lula estejam próximos, íntimos, justo no momento em que atravessam uma das piores fases de suas “carreiras” políticas?
Não há, aos olhos da opinião pública norte-americana, muito o que se ganhar nessa viagem de Bush pelas Américas. Levou uma banana na Argentina, na Cúpula das Américas, e um churrasquinho aftoso no Brasil (que, pra combinar, foi oferecido por UM banana). Protestos por onde passou, somados aos rostos pouco sorridentes de seus compatriotas. Se eu fosse Michael Moore, vinha para cá captar algumas cenas para a sua planejada segunda parte do documentário sobre a desastrosa administração de George W. Bisonho.
O Lula, valha-me nossa senhora, só não se afogou no lamaçal de acusações que já nos cansamos de ver porque, afinal, merda bóia mesmo. Está até parecendo namoro de fulanos do terceiro escalão, tão comuns nas “Casas dos Artistas” da tv. Para completar o quadro, Bush vem elogiar a duvidosa contribuição histórica de Juscelino Kubitschek para o nosso país! Pode colocar aí: abertura para o capital estrangeiro, um significativo desenvolvimento, o nascimento de Brasília e um PUTA endividamento externo horroroso, pelo qual pagamos até hoje (e sempre pagaremos, convenhamos), inflação, um rombo orçamentário assombroso que jogou nosso país numa situação financeira absolutamente crítica. Não que este tenha sido o primeiro elogio norte-americano ao governo de kubit-CHEQUE, se é que vocês me entendem...
Bush e Lula sabem que estão em baixa. Na chegada à Granja do Torto, a comitiva do presiDOENTE americano encontrou uma manifestação pacífica contra sua presença em nosso país (se é que o conceito de manifestação pacífica prevê associações diretas do fulaninho com o nazismo, tais como uma suástica no lugar do “s” de seu nome e a já famosa foto de Bush com bigodinho de Hitler). Vendo o pessoal do contra, Bush não teve dúvidas e ENTROU PELAS PORTAS DOS FUNDOS. Típico.
Durante o churrasco, Bush demonstrou toda a sua erudição e pediu para Lula mostrar-lhe no mapa do braZil onde fica a Amazônia, “o pulmão do mundo” (pelo menos ele não pediu para ver Buenos Aires). Lula não só atendeu ao pedido do cowboy como ainda quis mostrar o Pantanal e “falar sobre sua biodiversidade” Dá pra imaginar isso sem rir?
E se você adora conspirações e já foi achando que Bush queria saber onde fica a Amazônia já para programar a completa “dominação do território”, pode ficar tranqüilo. Sabe aquela conversinha mole, do tipo “onde você nasceu? Onde você trabalhou?” que rola nos românticos primeiros encontros? Então, o papo dos dois ia nessa direção. Saber onde fica a Amazônia era só papo para encher lingüiça antes da cerveja fazer efeito e os dois caírem nos amassos. Não acredita? Lembre-se que Bush disse, todo sorridente, que acha Lula "um homem interessante".
Sonhar não custa. A carne veio mesmo do Mato Grosso do Sul! Os churrasqueiros vieram de Campo Grande! Vai, aftosa, mostra na prática aquela conversa de “escrever certo por linhas tortas”...
Só euzinha não vale, né? A senadora Heloísa Helena (só dá ela) disse, efusiva como sempre:
Talvez tenha dito melhor Wadson Ribeiro, presidente da UJS:
*TORTO*
Deu medo. E muito, na verdade. Agora a pouco, na bizarra declaração conjunta entre o Lula Lelé e o presiDOENTE Bush, nosso representante (você não fica com vergonha quando pensa nisso?) teve a coragem de dizer que o Brasil e os EUA têm a mesma visão sobre a democracia e os Direitos Humanos. Isso explica muitas coisas, de fato. Por isso nosso país anda jogando na merda qualquer direito civil, qualquer respeito às leis democraticamente instituídas, qualquer vergonha na cara.
E vem cá, perguntaram se você concorda com as Invasões Bárbaras perpetradas pelo cowboy lunático? A mim também não, mas internacionalmente, o braZil está ciscando no chiqueiro do Titio Sam, doidinho pra ser um de seus “aliados”.
Bush, por sua vez, sempre muito fino e elegante, começou seu discurso após o de Lontra dizendo estar com pressa de ir ao churrasco que farão para ele (ok, ele disse ansioso, eu só quis apimentar as coisas). Churrasco braZuca, o cara deve estar doidinho para provar carne de verdade. E como Bush vai comer do seu e do meu dinheiro, eu adoraria que fosse um suculento pedaço de picanha... daqueles lotes embargados recentemente, manja?
É claro que não faltou um obscuro “essa parceria é fundamental para manter a paz”, prato cheio para histéricos temerosos por conspirações. Hoje em dia, eles não parecem mais tão estúpidos e malucos. De qualquer maneira, o Rei disse que essas relações vão continuar (eu traduzo isso como sim, eles vão nos foder com mais força).
Quer rir mais? Ou chorar, se você não for tão cínico: Bush disse que nossos países têm um ponto em comum, o jeito como sabemos lidar com a diversidade cultural. Deu ânsia em você também?
Depois agradeceu, abraçou Lulixo e saiu feliz, pronto para encher a cara e enfiar carne até no rabinho presidencial.
Mas o mundo não se encanta tão facilmente com a declaração de Pink e Cérebro.
Na CNN, enquanto isso, os repórteres e analistas debatiam essa parceria estranha, enquanto a mensagem queimava na tela: Bush call Brazil “a friend”.
Se Lula faz um papel ridículo convidando Bush para uma churrascada em sua homenagem na Granja do Torto, achando que vai convencer as pessoas abraçado com Bush e balbuciando um “nóis are igual”, os “americanos” estão pouco simpáticos. Não importa se Bush sorriu, disse que apóia, disse que é friend do peito. Por lá, o pessoal quer saber como é possível países em pólos opostos, com interesses opostos, com agendas diferentes, com posições econômicas e políticas tão díspares encontrar um meio termo viável e eficiente. Na CNN, pelo menos, ninguém pareceu convencido (cá entre nós, mesmo na BandNews eu juro ter ouvido um “fazer o quê...” fugidio no final da transmissão, de algum profissional desatento e honesto).
Mas deixa estar, né? Carnaval ta logo aí, preocupação por que? No braZil, tudo acaba em... churrasco.
*VOLTA POR CIMA (DA TIPÓIA)*
É claro que fiquei chateada, e muito, com essa história do “Não” ter “ganhado”. Mas isso não é motivo para eu parar de escrever. Não, o motivo foi outro, já bem conhecido...
A TENDINITE DESGRAÇADA!
Tudo ia bem no reino encantado da Titia Frost quando, numa bela manhã de primavera, acordei com o braço do Popeye apoiado na minha testa. Pior, o braço em questão costumava ser o meu! Infiltração, ou inflamação, ou os dois. Resultado: mais 20 dias de molho, absolutamente. Dessa vez, obedeci bonitinha. Braço de Popeye assusta qualquer uma.
Essa segunda investida deu resultados ainda mais impressionantes no comportamento familiar. Se antes havia um certo ar de dúvida quanto à gravidade da “enfermidade” (entenda-se “ah-ela-está-é-com-frescura”), agora a paparicação alcançou níveis nunca antes vislumbrados. Café na cama, colinho de mãe para dormir e tudo (ajudou o fato de uma gripe absolutamente nhecante me atacar no mesmo período). Some-se a isso horas e horas ouvindo Jakob “pai dos meus filhos” Dylan ronronar nos meus ouvidos e pode-se deduzir que, no final das contas, não passei dias tão desagradáveis assim...
Mas só para arrematar o papo do Referendo, não acho que o “não” “ganhou”. Lugar comum, mas perdemos todos. Até porque, o povo anda falando dessas coisas como se fosse resultado de jogo de futebol. Faça-me o favor! Tomara que não precisemos ver sumir os sorrisos vitoriosos quando esta partida for parar em “Morte Súbita” ...