Emma Grace Frost é uma mulher vil,
eternamente com vinte e poucos anos,
leitora de mentes e coração de pedra.
Hedonista por natureza, má por opção.
Notívaga a despeito da própria vontade.
Vai mês, vem mês, fulaninho permanece na mira da rua. Não rende, não trabalha, só atrapalha. A mão vai coçando pra dar logo um abraço e as contas pro rapaz. Não me entendam mal, nunca gostei de despedir ninguém! Mas a criança pede, sempre aprontando das suas. Veio a chance, e que chance maravilhosa. Veio também um dos sócios, pedido na boca e proposta nas mãos... Acontece que fulaninho é neto do sócio. Fulaninho almoça todo domingo na casa do Vovô. Fulaninho é a luz que guia a vida da Vovó. Sim, fulaninho tem aquilo roxo, porque um defensor desses não aparece todos os dias, muito menos para todo mundo. Negócio é o seguinte, não despede o fulaninho e tá aqui um belo aumento no teu salário. Quem sabe até cargo novo! De qualquer maneira, um aumento de fazer babar. Topas ou não? Acontece que, dessa vez, fulaninho pisou feio, feião na bola. Todo mundo viu e você é a gerente. Vai fazer o quê? Topar o salário e perder o respeito? Ou mandar fulaninho pras picas e esperar a fúria divina? Pode ir respondendo logo, que o sócio continua na sua frente, esperando resposta.
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Eu, algum dia, vou me lembrar da história do peixe: ele morre pela BOCA. Algum dia, eu tenho certeza, minha sorte acaba e o anzol quebra meus saltos. Falei que ali não dava. Que fulaninho não estava se adaptando ao setor e isso prejudicava ele e os demais. Que chances, eu tinha dado aos montes. Fui até legal, não mencionei as cantadas baratas que ele costumava dar... Mas o poder divino de um sócio quase não tem limites. E mandar ele pra outro setor, topa? Ué, mas quem vai querer? Nem dois minutos de telefone, o sócio apontava dois setores disponíveis (pessoalmente, não quero nem imaginar que valores e cargos os gerentes destes setores estavam para alcançar com essa postura tão “amigável”). E agora? Você mantém o respeito, ganha a grana e ainda fica com um sócio feliz ! Vai topar ou não?
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Quem sabe a história do peixe não aprendo agora? Digo pro sócio que, se mesmo sabendo das dificuldades de fulaninho o gerente de lá topar, tudo bem. Mas mentir não posso, não vai rolar. E explico o porquê, frisando que o objetivo não é prejudicar ninguém, mas beneficiar a empresa que ele, sócio, ajudou a construir. Posso ver o aumento e o cargo novo sumindo dos olhos dele. Aproveito e dou o nó na minha cordinha, dizendo que não seria necessário mesmo nem um aumento ou cargo novo por fazer algo assim. Eu só estaria cumprindo o meu dever de gerente, que é o de otimizar o trabalho da minha equipe. No caso, retirando fulaninho da equação. O estômago dói absurdamente, as mãos suando pra dedéu. O que começou como o glorioso dia de despedir um babaca foi transformando-se no terrível dia em que euzinha iria conhecer o sabor da rua...
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Fulaninho está agora trabalhando no outro setor. O gerente de lá está de malas prontas para um cargo mais elevado no Rio, muda em janeiro. Um misterioso aumento foi notado em meu salário. Pela rara franqueza, me garantiu o sócio. E, com um piscar de olho, ainda concluiu: não neste caso em particular, mas é sempre bom saber que minha empresa está aos cuidados de gerentes com um caráter e uma postura tão exemplares.
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Tá, sei que foi por isso, claro que foi. Peso na consciência? Olha, no momento estou em dúvida sobre qual vai ser o meu próximo modelo de carro, honestamente...
Ao menos é o que pensa Emma Grace Frost , 22:27 .
Comments:
Parabéns pelo aumento. E pela conduta.
# posted by Anonymous : 1:46 p.m., November 22, 2005
olá queridonaaaaaaaaaaaa
Poxa....pena que não neta de nehum empresário!!!! Aquela vaca ia ver só rsrsrsrsrssrs.
Obrigada pelo e-mail
beijos Ju
# posted by Anonymous : 3:15 p.m., November 25, 2005