Emma Grace Frost é uma mulher vil,
eternamente com vinte e poucos anos,
leitora de mentes e coração de pedra.
Hedonista por natureza, má por opção.
Notívaga a despeito da própria vontade.







Emma Já pensou que...

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The White Queen






24.2.06

*CARNAGE-VAL*

Desde ontem já não estamos trabalhando. Tempo livre sim, mas para quem não curte carnaval (ou, sendo mais clara, ODEIA PROFUNDAMENTE a "festa” vulgar dos ignorantes, de ocasião ou de nascença) é uma busca por algo a se fazer – busca esta um tanto inglória. Qualquer lugar interessante estará lotado de "bêbedos" que acreditam piamente possuírem uma veia romântica irresistível, somada ao seu charme inebriante. São chatos, potencializados pelo nível alcoólico de fazer inveja a qualquer automóvel, que não largarão do seu pé até que o gosto de bílis os faça vomitar pela enésima vez. Não, muito obrigada, eu passo a vez.
O carnaval, por sinal, passou a ser uma ferramenta de controle da natureza. Como o mundo já anda abarrotadíssimo de incompetentes com disfunção erétil, a natureza “faz uso” do carnaval e esmigalha a vida de um bom número de zés-pinga que voam pelas estradas com o cérebro mergulhado em cerveja choca. Apenas por isso, devo ser grata ao carnaval. Menos imbecis pra atormentar a vida de quem até abriria mão do feriado em troca de paz, tranqüilidade e uma programação minimamente decente na tv aberta.
O carnaval tornou-se a confirmação anual de que o brasileiro pode estar na merda, mas não vai se mexer (a não ser pra passar a mão na bunda da mulata rebolante – terá enfiado um liquidificador no cu?). Estou pouquíssimo me fodendo (e esse pouquíssimo é só por educação) com as origens culturais dessa besteira preguiçosa. Hoje, é só uma putaria sem qualidade (o terror, desfile de celulites molengas espalhando-se pela tela), que serve para alienar e justificar alienação. Esquecemos dos problemas sociais, das obrigações morais, de pensar simplesmente, tudo pra ficar de cara cheia e bolso vazio.
Ah, mas a turma hipócrita do “deixa-disso” virá com aquele papinho triste de “poxa, mas deixa o povo sofrido se divertir ao menos agora... quer o quê, que eles só sofram?”. Não, gente boa, quero ver é mangas arregaçadas e a gente fazendo as coisas acontecerem. E, se ao invés de carnaval nós tivéssemos a “semana da solidariedade”? Deixa as mulatas lá, peladas, fazendo serviço social, porque uma parcela expressiva da ala masculina só faz alguma coisa pensando com a cabeça de baixo mesmo. Já pensou se esse povo excessivamente suado, com gás pra pular a noite inteirinha (com bebida na cachola, vale lembrar), voltasse toda essa energia pra fazer algo produtivo? Menina, esse país era outro! Em um carnavalzinho a gente poderia fazer mais do que fazem em quatro anos os macacos que penduramos lá no planalto. Mas como não tem putaria, não tem cerveja nem preguiça absurdamente alienada, é claro que essa idéia está condenada ao naufrágio ainda no porto.
Meu carnaval é diferente. Vejo alguns filmes que queria, leio alguns livros, ouço BOAS músicas e aproveito para alimentar esse meu sonho infantil de “solidariedade sem fins lucrativos”. Faço isso a mais de 5 anos, sempre com bons resultados. Sabe todas aquelas vezes em que você viu um comercial e pensou “aí está uma causa que vale ajudar”? Todos os papéis que você pegou pra ler depois, em que alguma instituição séria pedia a sua ajuda (e você esqueceu na bolsa por anos)? Todas aquelas idéias brilhantes que te vieram à mente e pareciam perfeitas para criar um mundo melhor? A eterna promessa, jamais cumprida, de visitar alguns doentes, dar comida pra mendigos, etc, etc, etc? Pois bem, eu também sou assim. Sempre fica pra depois. Mas o meu depois tem data: o carnaval. E, todo carnaval, lá vou eu tentar ser uma “boa samaritana”. Não porque eu sou “super legal”, mas porque eu preciso provar a mim mesma que eu sou mais do que um amontoado egoísta de vontades, que ainda é legal viver nesse mundo, que ainda temos chance de fazer a diferença.
No começo é difícil, mas depois é mágico. É o mínimo que eu poderia fazer. E se eu falo sobre isso agora é na vã esperança de que, como eu fiz um dia, alguém mais perceba que cruzar os braços e reclamar do mundo é coisa fácil, mas não produz porra nenhuma. Além do quê, o “fardo” fica mais leve se tiver alguém mais pra carregar comigo.


xXx

Mas é claro que sou humana. E, por isso mesmo, não estou isenta da futilidade que é marca registradíssima da nossa espécie. A minha eu já gastei ontem. Agora estou com mãos e pés combinando, olha só!



Nota pessoal: fazer suas próprias unhas é econômico só se você não usa o alicate como uma moto-serra... ai...

Ao menos é o que pensa Emma Grace Frost , 18:54 .


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3.2.06


*COMO SE NÃO FOSSE NADA*

Semaninha complicada.
Primeiramente, nessa semana a Warner brasileira exibiu seu último episódio inédito da segunda temporada de “Joey” (o nono). Eles simplesmente não estão botando fé na série, até porque lá nos states as coisas vão tão mal que querem cancelá-la de vez. Ruim pra mim e outros poucos gatos pingados que gostam de ver o excelente tino pra comédia da atriz Drea de Matteo (a única que realmente me faz rir ali).


xXx


Acabou também o Project Runway, do People + Arts, o melhor show de realidade idiota dos últimos tempos. Fru-frus e tesouras voando pela tela enquanto os proto-estilistas tentam ganhar o grande prêmio. Wendy Pepper, vadia maior do nosso panteão de exageros, queimou no fogo do inferno do terceiro lugar (o que é até bem pouco, uma vez que a monga foi responsável indireta pela saída do Austin “afetado-porém-fofo” Scarlett, o melhor clone drag/gay do Rodrigo Santoro, deus que me perdoe, pronto, falei!).
Kara Saun era boa estilista, mas faz fazia o gênero boazinha demais, coisa que nunca me convenceu muito. Segundo lugar merecido.
Meu gordinho da Pensilvânia, Jay “é-o-melhor” McCarroll levou o grande prêmio e os parabéns mais incisivos dos juízes e da apresentadora “droga-como-ela-é-perfeita” Heidi Klum (mesmo nitidamente produzido, não dá pra negar o carisma do seu “Auf Wiedersehen!” na hora de dar a bota nas bundas chorosas dos concorrentes).
Por sinal, finalmente eu torci de verdade em um programa desses. E, igualmente pela primeira vez, ganhou quem eu queria. Jay, sarcástico, afetado, criativíssimo. E muito engraçado! Aquele negócio de ficar implorando na rua pra qualquer uma preencher a vaga de sua modelo faltosa (problema resolvido usando o Austin pra desfilar!) foi de chorar de rir. Perguntado sobre o que faria , logo após saber que tinha vencido, ainda meio bobo Jay disse: “vou ali acender um cigarro”. Vai fazer falta.


xXx


Completando a semana, hoje foi o último dia da Rosalinda. Ai, Rosalinda... Você vai fazer uma falta!
A Rosalinda trabalha comigo desde que entrei neste emprego. Senhora fantástica, engraçada, carinhosa, irônica e surpreendente. É capaz de dar colo pra quem quer que fosse e chorar junto, abraçadinha, a morte do periquito do vizinho. Também tem repentes tão inacreditáveis que rendem histórias pra meses. Uma boa (eu disse que escreveria sobre isso, Rosalinda) foi quando estávamos só as meninas num barzinho, tomando cerveja, e apareceu um rapaz com uma camiseta preta com palavras em laranja “F.B.I. (Female Body Inspector)”. Achando-se a última banana do cacho, o rapaz veio cantando uma a uma, sem largar do pé. No que Rosalinda, muito decidida, finíssima, ameaçou levantar a saia dizendo “Aqui meu filho, dá uma examinada nessas Hemorróidas que estão me matando a semana toda!”. Rosalinda é assim, um anjo protetor com a boca mais suja que eu já vi na vida.
Enquanto eu acertava a papelada, com ela sentada na minha frente, acabei não me contendo (já que, como ela mesma diz, eu vivo “entre a pedrinha de gelo e a manteiga derretida”) e fui chorando baixinho. Passamos umas duas horas nisso, eu chorando, ela fazendo piada, me consolando, cantando um ou outro motoboy que entrava na sala. Depois, nos abraçamos e eu chorei como uma idiota, de soluçar alto. Rosalinda me acompanhou na bobagem e chorou outro monte, e a gente ria e chorava uma da tolice da outra.
A Rosalinda está aposentada, coisa que ela sempre odiou até pensar. Se ela pudesse, trabalhava o resto da vida. Mas agora ela tem um novo desafio pela frente e, aposentada e bem cuidada, ela tem muito mais chance de se curar rapidinho. Me partiu terrivelmente o coração ficar com a obrigação de acertar a papelada dela mas, por outro lado, não deixaria que ninguém mais o fizesse.
Vai ser muito menos alegre entrar na sala do café e não ouvir a sua risada gostosa acordando a gente pra mais um dia de trabalho. A gente vai sempre sentir falta da Rosalinda.
Rô, você vai tirar tudo isso de letra, tanto aposentadoria quanto tudo mais que a gente bem sabe. Você é forte pra lidar com qualquer coisa. A gente aprendeu um pouco disso com você, essa fibra que derruba qualquer perigo.
Te amo muito, Mamãe Ganso!
Como a gente sempre brincou com você: Rosa, você é Linda!


xXx


Aí está, Rô. Como te prometi, só tratei de amenidades. Bola pra frente.

Ao menos é o que pensa Emma Grace Frost , 21:53 .


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