Emma Grace Frost é uma mulher vil,
eternamente com vinte e poucos anos,
leitora de mentes e coração de pedra.
Hedonista por natureza, má por opção.
Notívaga a despeito da própria vontade.







Emma Já pensou que...

2005/05 2005/06 2005/07 2005/08 2005/09 2005/10 2005/11 2005/12 2006/01 2006/02 2006/03 2006/04 2006/07 2006/10 2007/02 2007/10 2007/11




The White Queen






11.10.05

*WAR PIGS*

Sistematicamente, vou perdendo a fé na nossa sociedade. Como diria Regina Duarte (ironia, justo ela anda fazendo sucesso nos meus posts), estou com medo do que vem por aí.
O que muitos acreditaram ser uma virada na democracia e na sociedade brasileira, quando se elegeu um presidente que só consegue contar até nove (e acho que nem é só por causa da falta que lhe faz o décimo dedo), era na verdade a confirmação de que, na política, o que muda é com que “mão” vão nos roubar. Hoje a mão é a esquerda, ontem foi a direita, amanhã pode até ser alguém cujo programa de governo é berrar o próprio nome, cruzes.
Já não importa quantas denúncias apareçam, quão mafiosa se mostre a turba governamental. Fomos treinados à exaustão e agora estamos aqui balindo o bom e velho “todos iguais, mas uns mais iguais que os outros”.
O que me deprime é exatamente essa incapacidade de resolver as questões. Esqueceu-se o mensalão por uns tempos, pra finalmente poder-se gritar “Juiz ladrão” com propriedade. Não que o caso da corrupção no mundo do futebol não seja igualmente uma vergonha, mas estou cansada deste slim pack da política do pão e circo (ninguém viu pão nenhum).
Aliás, é muito simbólico ver ruir a paixão nacional por causa da corrupção. Estamos chafurdando nesta gosma, o que sobrou do país duvidosamente “abençoado deus”. E poucos de nós estão realmente fazendo alguma coisa para mudar essa situação patética.
Vivemos uma rotina viciada até o talo. Dormimos tarde, acordamos cedo. Saímos da garagem olhando para os lados, com medo de algum assaltante madrugador. Trancamos nossas casas de um modo tão desesperado que até Tio Patinhas acharia exagerado. Somos reféns dos musculosos e mal encarados lavadores de vidros, nos faróis (onde diabos se enfiaram aquelas criancinhas magérrimas que costumavam, olhos tristes, cumprir este papel?). Fazemos corredores absurdos para que os motoboys passem por nossos carros sem chutar nossas portas ou levar nossos espelhos retrovisores externos. Lemos, ouvimos e debatemos toda e qualquer denúncia que despenque na nossa já atribulada cabeça. E o que fazemos em seguida? Merda nenhuma. Vamos lá ver o que o Tião vai inventar agora (a propósito, por que o Tião não morre? Poderia levar a Sol junto, sem problema algum).
É muita energia desperdiçada! Estamos aqui, explodindo e brigando uns com os outros, enquanto aqueles filhos de chocadeira continuam levando o país no bico. A violência no país é uma pequena guerra civil todos os dias, só que ninguém se dá conta (ou faz questão de ignorar os fatos). Descontamos nossa frustração nos vizinhos, no motorista da frente, na atendente de telefone, e não nos canalhocratas gordos e obtusos que nos afundam cada vez mais nessa pocilga. Depois tomamos nossa dose de anestesia em frente à tv, esperando avidamente pelo próximo capítulo. Mas, hei! A sua vida continua correndo, sabia disso?
Já pensou se cada vez que sentíssemos vontade de explodir com alguma dessas frustrações, nós redirecionássemos a nossa energia e cobrássemos as devidas providências dos governantes? Se canalizássemos nossas energias para exigir uma postura ao menos digna daqueles que só estão lá porque NÓS deixamos? Já pensou o quanto podemos ter uma sociedade diferente se decidirmos nos envolver DE VERDADE com ela, ao invés de ver a novela, falar mal de tudo ou escrever um textinho revoltadinho e colocá-lo na rede?
Teria que ser agora. Já. Demoramos demais pra começar. Se eu for esperar o esmalte secar antes de colocar mãos à obra, tenho medo que olhe pelo vidro e já não consiga mais diferenciar entre homens e porcos, tal qual já nos avisava George Orwell.

Ao menos é o que pensa Emma Grace Frost , 16:13 .


Comments:
Emma, esta 'revolta' é clássica mas envolta num equívoco: acusamos "esses políticos de turno no poder", como se eles fossem alguma coisa distante de nós. Ora, eles são nós! Fomos nós que o colocamos lá. Não tomaram o poder, não invadiram os palácios, nos corromperam, com discursos fáceis de retórica barata composto por ideologia de almanaque. Quando você diz que o governo anterior (o meu) roubava com a mão direita e o atual (o seu) o faz com a esquerda, sinceridade, você vê diferença entre eles? As mãos, se diferentes forem, pertencem ao mesmo corpo. FHC e Lula nasceram no mesmo berço político, cercaram-se dos mesmos (maus) elementos, seguiram a mesma cartilha. Não veja como provocação, mas quando você propõe o 'mãos à obra', o que é que você faz? Quais as suas propostas? Não que o seu libelo seja pouca coisa - muito ao contrário! Gandhi libertou uma nação só com o poder da palavra. Mas, novamente, o que você faz?
Beijo e tchau!
 
Ué, castilho, MAS EU CONCORDO COM VOCÊ! Veja:
VC DIZ: acusamos "esses políticos de turno no poder", como se eles fossem alguma coisa distante de nós. Ora, eles são nós! Fomos nós que o colocamos lá.
EU DIGO:Se canalizássemos nossas energias para exigir uma postura ao menos digna daqueles que só estão lá porque NÓS deixamos? Já pensou o quanto podemos ter uma sociedade diferente se decidirmos nos envolver DE VERDADE com ela, ao invés de ver a novela, falar mal de tudo ou escrever um textinho revoltadinho e colocá-lo na rede?
VC DIZ: Quando você diz que o governo anterior (o meu) roubava com a mão direita e o atual (o seu) o faz com a esquerda, sinceridade, você vê diferença entre eles? As mãos, se diferentes forem, pertencem ao mesmo corpo.
EU DIGO:era na verdade a confirmação de que, na política, o que muda é com que “mão” vão nos roubar. Hoje a mão é a esquerda, ontem foi a direita, amanhã pode até ser alguém cujo programa de governo é berrar o próprio nome, cruzes. (E COM ISSO ESTOU BRINCANDO COM MÃOS E A DIREITA E ESQUERDA, MAS DIZENDO EXATAMENTE QUE O QUE MUDOU NÃO FOI A FORMA DE LIDAR COM AS COISAS, MAS O NOME DOS QUE ESTÃO LÁ. FOI, DIGAMOS, "METÁFORA")
VC DIZ:Não veja como provocação, mas quando você propõe o 'mãos à obra', o que é que você faz? Quais as suas propostas?
EU DIGO:Já pensou se cada vez que sentíssemos vontade de explodir com alguma dessas frustrações, nós redirecionássemos a nossa energia e cobrássemos as devidas providências dos governantes? Se canalizássemos nossas energias para exigir uma postura ao menos digna daqueles que só estão lá porque NÓS deixamos? Já pensou o quanto podemos ter uma sociedade diferente se decidirmos nos envolver DE VERDADE com ela, ao invés de ver a novela, falar mal de tudo ou escrever um textinho revoltadinho e colocá-lo na rede?
OU SEJA: nós concordamos, passo a passo! Não basta escrever, porque infelizmente a gente não têm (ainda) o poder de um Gandhi, mas é um começo. Daí em diante, é votar de maneira correta, é defender pontos de vista, tentar levar aos outros mais informação (e buscar mais informação com os outros). É não ficar só nas palavras, mas transformá-las em atitudes. Não ignorando os problemas, resolvê-los. Eu sei que isso parece meio vago, mas são só as linhas gerais. Eu poderia ficar dizendo tudo o que acho válido, como por exemplo ajudar instituições sérias e por aí vai, mas o espaço seria insuficiente.
De qualquer forma, acho que não há muita diferença no modo como pensamos esta questão, concorda?
Bjo
 
Hei, BLOGGER! Anônima o caralho, fui eu!
 
Emma, é isto que me exaspera. Confissão: eu não sei o que fazer. Falando àqueles que concordam comigo, sinto-me pregando para convertidos. Aos que não concordam, não tenho argumentos. Tenho a nítida noção da minha pequenez diante de Tudo e um fastio me invade. "Como todos os homens, sou oitenta por cento água salgada, mas já desisti de puxar destas profundezas qualquer grande besta simbólica. Como a própria baleia, vivo de pequenos peixes da superfície, que pouco significam mas alimentam. Todo homem, depois dos quarenta, abdica das suas fomes, salvo a que o mantém vivo" (LF Verissimo, "O Jardim do Diabo"). No geral, espio pela janela essa porcalhada todo e vou cuidar da minha vida. E então, o que fazer?
 
É, é foda. Por isso vou perdendo a fé. O problema é EXATAMENTE o que vc colocou, de maneira muito franca. Compartilho desse desespero. Esse impasse, de cuidar de mim mesma (já que ninguém vai fazer isso por mim) ou gritar como louca aos quatro ventos, sem garantia alguma de que haverá resultados... O negócio era achar um meio termo funcional. Essa fórmula sonhada, esse Graal do comportamento social.
A gente dá cabeçadas, encontra pessoas irredutíveis (mas não simpáticas como os gauleses de Uderzo), mas vez ou outra acerta (eu vejo quanta gente mudou de idéia sobre as armas e gosto de pensar que as tantas vezes que conversei com elas contribuíram de alguma forma a ajudá-las a se decidir por votar no "sim".
Vamos tentando, improvisando... O primeiro que descobrir algo mais efetivo trata de avisar o outro, combinado?
Bjo!
 
Oi Emma, td bem? Estou passando rapidamente para agradecer e retribuir a sua visita no meu blog, volte sempre será sempre bem-vinda, bjs
 
Parece pequeno o que vou dizer, mas é de coração: nem todo mundo é Gandhi. E ninguém se torna Gandhi.... Se eu, você, o Roger, o Sicrano e o Beltrano começassemos "a fazer algo", ainda vai ter gente a beça "pra desfazer"... é uma consciência que nunca vamos conseguir colocar na cabeça de toda uma nação.... uma nação como a nossa, diga-se de passagem.
 
Déhli, com carinho:
Nem Gandhi era "Gandhi" até decidir fazer alguma coisa. Veja quantas pessoas estavam lá para desfazer tudo o que ele fez! E olha como até agora tem gente falando sobre ele, como nós!
Veja que voar era para os pássaros, que a Lua jamais seria pisada pelo homem. Veja que antes vivíamos em cavernas! Que negros não podiam sentar no banco da frente dos ônibus nos EUA! que negro "não era gente"! Como isso mudou?
Foram as Déhlis, os "Ursos" delas, os Sicranos, os Beltranos e as linguarudas das Emmas que foram lá, insistiram, caíram, se machucaram, alguns até morreram, mas fizeram a DIFERENÇA. É difícil, é complicado, é chato pra caramba, mas dá resultado uma hora.
Basta que a gente, que quer ver a coisa melhor (se não para nós, para quem vier depois), realmente VIVA nossos ideais.
Bjo
 
Post a Comment