Emma Grace Frost é uma mulher vil,
eternamente com vinte e poucos anos,
leitora de mentes e coração de pedra.
Hedonista por natureza, má por opção.
Notívaga a despeito da própria vontade.







Emma Já pensou que...

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The White Queen






6.9.05

*SE OS MATADOUROS FOSSEM DE VIDRO...*

O pessoal deve estar desesperado, mesmo. Não que eu tenha ouvido falar num levante dos vegetarianos, marchando pelas cidades do país, conclamando a todos para participar de uma imensa e decisiva manifestação contra o consumo de carne. Até porquê, acho bem provável que o movimento tivesse uma adesão das mais fraquinhas nesse nosso país apaixonado por churrascarias (que nunca me atraíram: o pessoal come, come, come, come... nem tanto por gostar da coisa, mas pra compensar o preço pago; é incrível, você supostamente está lá para saborear uma carne bem feita, mas come tanto e de tudo que no final não faz mais a menor idéia de o quê você colocou no bucho, afinal o gosto daquela gororoba semimastigada, aquele bolo de carne que vai demorar quinhentos anos para ser digerido, é um gosto uniformemente de sebo).
Bom, o fato é que no metrô agora já é rotina ver aqueles anúncios simpáticos pró-carne. Coisas como “não há lugar para indecisão! Decida-se: coma carne!”. È nutritivo, é saudável, é a melhor coisa do mundo, até os bichos ficam felizes na hora do abate, só de pensar no delicioso cheirinho de bife que vão ganhar na sua frigideira.
Eu gosto de carne, de um churrasquinho com os amigos, de um belo bife com batatas fritas... Eu sentiria falta de carne no cardápio, até porque aquela carne de soja é a coisa mais nojenta e sem graça que os vegetarianos inventaram (isso pensando num grupo que é tido como tremendamente chato e sem graça, na visão geral). Mas também acho que é o tipo de concessão que, em vista dos benefícios, merecia ser pensada uma segunda vez. Ao menos o trato com os bichos poderia ser mais “humano” (entre aspas mesmo, porque a humanidade não sabe tratar bem coisa alguma; o verdadeiro tratamento humano faria corar até o mais cruel dos hipotéticos demônios que perturbam a morte dos que de fato “viveram” alguma coisa quando estavam vivos).
Essa hipocrisia injustificada dos pró-carne com seus anúncios de picanha no metrô me deu o impulso decisivo em direção a me informar mais sobre o modo de vida vegetativo... digo, vegetariano. Aposto que, se pudessem, os pró-carne teriam colocado até o cheiro da picanha na brasa nos vagões (o que seria bastante indigesto: há um número considerável de pessoas no metrô que parece desconhecer totalmente o programa Rá-Tim-Bum e a musiqueta do ratinho, ensinando que banho é bom, banho é bom, banho é muito bom).
O problema dos Vegetas é o marketing. Eles parecem ser péssimos nisso, o que chega a ser um contra-senso: como podem ser tão ruins na hora de expor um problema tão facilmente demonstrável? Seria preciso não ter nenhuma habilidade para perder uma causa dessas. Provavelmente, o departamento de marketing dos Vegetas é um bando de pró-carne disfarçado, só isso explica.

Quando comecei a ler ISTO AQUI, quase pedi um Cheese Burger. Só por muita boa vontade pude ignorar a introdução bisonha e ir adiante com a leitura, chegando no que de fato interessava. Até mesmo a opção saudável da carne branca das aves se transformou em compactuar com métodos “desumanos” (a bem da verdade, métodos completamente humanos, seguindo aquela lógica que iniciei lá em cima).
Fiquei num impasse. E agora? Conversando com
ELE, algumas coisas ganharam novos retoques: “há de se convir que comer carne fez parte da nossa evolução. Nós descemos das árvores e passamos a ter novos hábitos, o que viabilizou o nosso crescimento como espécie. A sociedade humana foi estruturada pela centena de pequenas-grandes adaptações que sofremos, incluindo-se aí comer carne. Então, de um ponto de vista evolutivo, é possível dizer que comer carne é um hábito válido. No entanto, assim como começamos a comer carne durante o processo evolutivo, podemos parar de comer outra vez. Afinal, a evolução teoricamente não terminou, muito embora a gente esteja fazendo merda faz tempo, sem mudar porra nenhuma” (brigadinha caco, pela opinião tão profundamente científica!).
Bem, então a coisa toda não era assim exclusivamente capricho de meia dúzia de figurões do comércio de carne, afinal... Entre os espertalhões dos pró-carne e os paspalhões dos vegetais.. digo, vegetarianos, havia uma questão genuinamente relevante, interessante e aparentemente sem qualquer solução fácil. De certa forma, precisávamos de carne, mas essa estupidez no trato com os animais (e coloque-se aí outras questões morais, como os testes de medicamentos, de cosméticos, de alimentos...) é, fundamentalmente, um abuso sem precedentes na história da vida neste planetinha apressado.
Moral da história: assumo minha incapacidade de tomar uma decisão definitiva. Pra mim, o melhor era continuar a comer carne e tratar melhor os animais. Mas isso é utópico até a tampa. Vale lembrar que é preciso testar remédios e o caramba a quatro e que se alguém aparecer dizendo que o negócio é testar isso em gente mesmo, vai ter muita “gente” protestando horrorizada. Mas este é um argumento que serve às duas “facções”...
Independente da posição tomada, há de se convir que o modo como tratamos os animais é o fim. Você fica sabendo como é que a carne vem parar no seu prato e sente nojo da humanidade. É de foder. Será que, ao invés de fazer propagandas estúpidas no metrô, os grandes nomes do comércio de carne não poderiam investir em melhorias para a vida dos animais? Ah é, isso não dá lucro...
Não acho que Paul e Linda estivessem certos, porque os maços de cigarro cansaram de ser “de vidro”, e nem por isso o povo parou de fumar. Mas uma coisa é certa: qualquer um que pense seriamente sobre esta questão, mesmo não mudando de opinião nem de hábitos, deve parar alguns segundos antes de enfiar um belo pedaço de picanha no alho dentro da boca. Eu, pelo menos, estou pensando bem mais que alguns segundos...

Ao menos é o que pensa Emma Grace Frost , 13:50 .


Comments:
Essa questão me artomenta a algum tempo. Eu gosto de carne e não tenho hábito de comer legumes e verduras e odeio peixe(mal de paulista gordinha rsrsrsssr). Então, por puro egoísmo eu como carne por não ter outra opção de alimento. Mas quando lembro da maneira que o boi e a vaca morrem para que eu tenha um pedaço deles no meu prato me dá nojo...mas eu como!!!! Eu mesmo não entendo minha atitude!!!! Meu pai não come mais carne vermelha e parece não sentir falta, mas come frango e peixe....não entendo?? Peixe e frango não sofrem para morrer?? Adoro frango e se for comprovado que frango não sofre...beleza!!! Mas se é para deixar de comer carne tem que para geral....carne, frango e peixe!!!! Realmente é um tema complicado rsrsrssr.

beijos
 
Bem, acredito que a tendência geral das minha escolhas futuras é parar de comer carne. É uma necrofagia que aos poucos me causa mais e mais ojeriza...
Beijos
 
Atualiza...
 
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